Historinha para Domingo
e também para Segunda-Feira..
Era uma vez um Adão alfaiate. Mudou-se para uma cidade de poucos
habitantes e onde poucos, dos poucos homens, vestiam ternos. Todos andavam de
roupas de brim, compradas em lojas que as exibiam em cabides do lado de fora,
na calçada mesmo. Homens, mulheres e crianças de semblantes tristes pela
monotonia da cidade, uma cidade cinza. Os únicos que usavam ternos eram, o
prefeito quando tinha que ir à capital ser recebido em audiência pelo
governador, o juiz de direto quando visitava a comarca e algum viajante
perdido por lá. Adão era gentil e agradável com os habitantes, mas estes o
olhavam com desconfiança e Adão sorria ...
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O prefeito comprava seus ternos na
capital. O juiz não sei onde, mas nenhum do Adão alfaiate, que sentia, ou tinha
esperanças que voltaria a fazer muitos ternos, como em outras cidade que morou.
Um dia chegou um estranho na cidade. Causou certo murmurinho entre os
habitantes. Quem era? O que viera fazer ali? Não era vendedor, nem o juiz, nem
parente ou amigo de ninguém. Parou seu carro frente à casa simples da
hospedaria, desceu com uma maleta negra na mão e foi só o que mostrou dele.
Dias depois souberam que o estranho, assim que chegou havia perguntado ao
empregado da modesta hospedaria, se existia algum alfaiate na cidade.
E Adão, conseguiu confeccionar seu
primeiro terno desde que se mudou para a cidade cinza.
O estranho não era somente um estranho
para os moradores locais, era também um homem estranho. Feio, carrancudo,
talvez por isso a feiúra.
No domingo o terno do estranho ficou
pronto. Adão levou-o ao estranho lá na hospedaria, recebeu o que pediu pelo
terno e foi-se feliz pensando no que faria com o primeiro ganho naquela cidade
cinza.
O estranho banhou-se, vestiu a roupa
nova e saiu andando pelas ruas. Desfilou sobre o sol dominical e, conforme ia
passando, as pessoas admiravam o porte elegante, majestoso, nunca haviam visto
na cidade um homem assim! Lindo, simpático, sorriso agradável, físico atlético,
ninguém reconheceu nele o estranho homem estranho. Só depois o empregado da
hospedaria contou, para surpresa de todos, quem era o bonitão.
Alguns homens animaram-se e
encomendaram ternos do alfaiate Adão e com o resultado neles, outros também
quiseram ternos do Adão. As mulheres passaram a levar seus maridos, alguns
contrariados, para Adão tirar suas medidas e confeccionar seus ternos e pouco a
pouco quase todos homens da cidade vestiam seus ternos e exibiam beleza e
felicidades em seus rostos e posturas. As mulheres e os filhos dos homens de
ternos também se modificaram para melhor. A cidade transpirava amor e, num
domingo, Adão juntou suas tesouras, agulhas e alfinetes, entrou no carro do
outrora estranho homem estranho, e partiu da cidade agora colorida, para outra
cidade cinza...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirViajei na cidade cinza!!!
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