domingo, 17 de junho de 2012

ESTRANHO HOMEM ESTRANHO




Historinha para Domingo            
 e também para Segunda-Feira..     

Era uma vez um Adão alfaiate.  Mudou-se para uma cidade de poucos habitantes e onde poucos, dos poucos homens, vestiam ternos. Todos andavam de roupas de brim, compradas em lojas que as exibiam em cabides do lado de fora, na calçada mesmo. Homens, mulheres e crianças de semblantes tristes pela monotonia da cidade, uma cidade cinza. Os únicos que usavam ternos eram, o prefeito quando tinha que ir à capital ser recebido em audiência pelo governador, o juiz de direto quando visitava a comarca e algum viajante perdido por lá. Adão era gentil e agradável com os habitantes, mas estes o olhavam com desconfiança e Adão sorria ...

O prefeito comprava seus ternos na capital. O juiz não sei onde, mas nenhum do Adão alfaiate, que sentia, ou tinha esperanças que voltaria a fazer muitos ternos, como em outras cidade que morou. Um dia chegou um estranho na cidade. Causou certo murmurinho entre os habitantes. Quem era? O que viera fazer ali? Não era vendedor, nem o juiz, nem parente ou amigo de ninguém. Parou seu carro frente à casa simples da hospedaria, desceu com uma maleta negra na mão e foi só o que mostrou dele. Dias depois souberam que o estranho, assim que chegou havia perguntado ao empregado da modesta hospedaria, se existia algum alfaiate na cidade.

E Adão, conseguiu confeccionar seu primeiro terno desde que se mudou para a cidade cinza. 

O estranho não era somente um estranho para os moradores locais, era também um homem estranho. Feio, carrancudo, talvez por isso a feiúra.

No domingo o terno do estranho ficou pronto. Adão levou-o ao estranho lá na hospedaria, recebeu o que pediu pelo terno e foi-se feliz pensando no que faria com o primeiro ganho naquela cidade cinza.

O estranho banhou-se, vestiu a roupa nova e saiu andando pelas ruas. Desfilou sobre o sol dominical e, conforme ia passando, as pessoas admiravam o porte elegante, majestoso, nunca haviam visto na cidade um homem assim! Lindo, simpático, sorriso agradável, físico atlético, ninguém reconheceu nele o estranho homem estranho. Só depois o empregado da hospedaria contou, para surpresa de todos, quem era o bonitão.

Alguns homens animaram-se e encomendaram ternos do alfaiate Adão e com o resultado neles, outros também quiseram ternos do Adão. As mulheres passaram a levar seus maridos, alguns contrariados, para Adão tirar suas medidas e confeccionar seus ternos e pouco a pouco quase todos homens da cidade vestiam seus ternos e exibiam beleza e felicidades em seus rostos e posturas. As mulheres e os filhos dos homens de ternos também se modificaram para melhor. A cidade transpirava amor e, num domingo, Adão juntou suas tesouras, agulhas e alfinetes, entrou no carro do outrora estranho homem estranho, e partiu da cidade agora colorida, para outra cidade cinza...

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