Fui sem pátria, sem registro,
sem nação e sem razão,
renasci com certidão,
mas sem dar e sem amar,
nem receber e nem saber,
era andor sem flor,
planta sem fruta,
recebi pedras e atirei,
caí num labirinto e me perdi,
sofri em suas entranhas,
cheguei ao fim, triste assim,
mais uma vez retornei
até a porta encontrar e o mar me levar,
nadei e a praia alcancei,
o sol me aqueceu,
fiz-me estrela do mar,
linda, imóvel e dócil,
aprisionada em grades de cristal,
brilhei por tempos, luz ilusória,
me vesti de brilho falso,
voltei à escuridão,
procurei por festa, encontrei dores,
em aborto espontâneo expulso a cobra,
de branco me visto, afasto pedras,
abro caminhos, avivo a esperança,
entendo o amor, por ele almejo,
em mim o sinto, de verdade o amei,
floresci e frutifiquei... e vivi!
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