quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Contemporaniedade



Frequento as redes sociais da internet, nelas leio pensamentos de autores muitos deles conhecidos e transformados numa roupagem nova, outros de autores famosos bem conhecidos, gravados em lindas imagens de acordo com o tema, e que acredito ser uma mostra do que o divulgador está sentindo no momento que o insere em sua página. Também vejo críticas, informações e boas piadas, e tem ainda as que divulgam a intimidade do usuário e muitas mensagens saudosistas, do tipo: Lembra-se disso? Veja como era! Você viveu isso? Usou essa marca ou recorda-se dessa música?

O antigamente é muito usado, tanto nas redes sociais como em conversas. Lembranças que acordam nostalgias, lembranças que avivam na mente o que se viveu alegre e feliz, de amores idos, às vezes até desperta arrependimento pelo que se deixou de vivenciar. Ao recordar de produtos, músicas, filmes, moda ou locais, revive-se um tempo bom ou ainda o aprendizado pelos atos errados que mostraram o caminho certo. Sim, porque penso que todos seres humanos têm um dispositivo no cérebro que não associa lembranças tristes a nenhuma coisa.  Nostalgia somente do que foi bom!

E no amanha, o que despertará a nostalgia? No hoje tudo corre nada fica por um tempo maior que estabeleça correspondência com o que se vive, com o que se usa, se ouve e se vê. Até namoro tornou-se rápido pelo “ficar” descompromissado, sem palavras amorosas ditas ao ouvido, sem juras de amor eterno enquanto dure, sem adotar uma música que faça a ligação entre corações. É o progresso.

Acabaram-se cartas ou bilhetinhos o único jeito é criar arquivos no computador onde se guardarão os emails, ou os tweets, ou as mensagens do facebook, ou as fotos digitalizadas, aquelas que nos “agora” foram criadoras de alguns momentos de felicidade. Até dar pane na máquina e tudo se perder pelo espaço virtual...

No amanha não existirá os “antigamente”. Nem nostalgia gerada por um perfume ou por um produto, nem lembranças de um amor vivido revivido por uma melodia. Planeja-se tudo com cálculos de custos e benefícios, e o que se faz espontaneamente é quase sempre impelido pelo modismo criado por meios de divulgação que induz comportamentos, e não mostram consequências Tudo no hoje tem característica volátil, inclusive sentimentos, muda-se a imagem da tela com o toque de um dedo...

O contemporâneo confirma que nada é para sempre e que tudo muda...

Mas será que o progresso não poderia desacelerar um pouco? Esse progresso que só atende à minoria privilegiada e causa carências aos menos favorecidos?

"Acredito que o homem primitivo foi mais feliz do que nós, apesar das dificuldades de sobrevivência".
Thor Heyerdahl 
• Antropólogo norueguês, explorador, zoólogo, geógrafo.

Estudou em Oslo e lutou na Segunda Guerra Mundial para expulsar os nazistas do seu país.




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